José Tocchetto de Oliveira
Hoje, quando se fala em sustentabilidade, a maioria das pessoas pensa em gestão ambiental. Quando se fala em responsabilidade socioambiental também. Na verdade, o mais adequado seria pensar em Responsabilidade Social, que envolve a gestão ambiental assim como a econômica e a social. Algumas correntes ainda incluem outras responsabilidades no conceito, mas prefiro considerar o que diz a norma ISO 26000:2010, guia mais completo de Responsabilidade Social existente hoje no mercado, que, em seus 7 temas centrais, consegue englobar todas as disciplinas inerentes aos negócios das empresas. Talvez a gestão da qualidade e a consequente abordagem da empresa por processos não fique tão clara, mas está incluída quando, no tema governança organizacional, buscamos os resultados planejados pela alta direção, incluindo considerar os interesses das partes interessadas, nas quais estão nossos clientes.
Uma coisa é certa: se planejarmos um Sistema de Gestão Integrada (SGI) com a nova ISO 9001 (2015) e a ISO 26000 (2010), teremos o nosso negócio muito bem planejado e controlado, garantindo resultados e uma atuação responsável em todos os pontos de vista.
Com esta base bem estruturada, outras normas podem ser incluídas no SGI para tratar disciplinas específicas conforme a estratégia da organização:
- ISO 14001, para meio ambiente;
- ISO 45001, para segurança e saúde ocupacional;
- ISO 20400, para compras sustentáveis;
- ISO 50001, para eficiência energética;
- Todas as outras normas existentes e que sejam de interesse de cada organização.
Quando a empresa está organizada, com uma estratégia bem definida e, ainda, incluindo sustentabilidade, o desdobramento das estratégias pelos processos da organização certamente englobará as demais disciplinas e o Sistema de Gestão Integrada será efetivo.
Podemos ter um processo de Gestão Ambiental, outro de Segurança e Saúde Ocupacional, outro de Relações com a Comunidade, enfim, processos para atender a todas as atividades exercidas pela organização de acordo com seu “desenho organizacional”.
Um exemplo é a norma ISO 20400:2017, que trata de compras sustentáveis, que detalha a sustentabilidade prevista na ISO 26000 para a área de compras, onde quer que esteja localizada na estrutura organizacional da empresa.
Hoje, a maioria das grandes empresas possui um SGI com base nas normas de qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (ISO 14001) e Saúde e Segurança (OHSAS 18001) e com algumas ações e projetos voltados para as comunidades circunvizinhas das suas unidades de produção. São atividades importantes, principalmente para os beneficiados, mas muitos gostariam de fazer mais em relação a sua atuação social.
O ideal para isso seria incluir uma norma de responsabilidade social no SGI e gerenciar o sistema com as 4 principais disciplinas de forma mais objetiva e com requisitos claros e bem definidos, validados por certificação externa independente. O problema é que a norma social certificável que estava disponível no mercado, a SA 8000, quando foi revisada em 2014, praticamente se inviabilizou no Brasil, por conta de requisitos que ficaram fora do contexto empresarial brasileiro. A outra norma certificável, a NBR 16001, é nacional, sem reconhecimento expressivo externo, embora esteja muito parecida com a norma ISO 26000, podendo-se dizer que foi modificada para ser a norma certificável da ISO 26000.
Existem outras iniciativas de responsabilidade social utilizadas principalmente na gestão da cadeia de suprimentos ou, como se diz, na gestão de fornecedores, que avaliam requisitos socioambientais. As “normas” mais utilizadas são os protocolos SEDEX/SMETA, BSCI, IFC, ABVTEX e outros protocolos próprios de grandes empresas, conforme o segmento de atuação de quem gerencia o programa. A base de todos é o código ETI, Ethical Trading Initiative, que apresenta requisitos sobre as condições e relações de trabalho nas empresas.
Independente de qual protocolo seja escolhido, é válido afirmar que as empresas precisam incluir em seu SGI as questões de responsabilidade social e, de preferência, de forma que atendam à maioria dos protocolos e normas existentes. Assim, quando for prestar serviços ou prover produtos a algum cliente que utilize qualquer destes protocolos, a empresa já estará pronta.
O mais importante é implantar as boas práticas, recomendações e metodologias constantes nessas “normas” para ter os benefícios de uma gestão social efetiva e que traga melhorias para a empresa e seus trabalhadores, próprios e terceirizados.
Na Tocchi Empresarial consultoria, trabalhamos com a implementação de Sistemas de Gestão Integrada, incluindo uma gestão social ampla, de acordo com o direcionamento estratégico e o marcado de atuação dos clientes.