A hora e a vez da responsabilidade social

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José Tocchetto de Oliveira

Com esta crise econômica, social e política batendo à nossa porta todos os dias, é momento de investir em responsabilidade social? O que as empresas ganham com isso?

Investir em um sistema que priorize um bom ambiente de trabalho, relações entre as pessoas no trabalho, relação com fornecedores, comunidade, governos e com o próprio cliente? Segurança dos trabalhadores?

Sim, sim, sim! É exatamente nesse momento que se deve investir no aspecto social, nas relações éticas das empresas com todos os seus públicos. E mais, como hoje o social não é tratado de forma isolada (e nem poderia), é hora de investir em sustentabilidade, tanto do planeta como da organização.

Estou concluindo uma auditoria de responsabilidade social em que meu maior foco foi a saúde e segurança do trabalho. Estou com um sentimento muito bom e prazeroso de ter visto pessoas preocupadas em fazer gestão de saúde e segurança para melhorar a situação de todos que lá circulam e trabalham. Pessoas dedicadas procurando melhorar, aprender, ajudar e mudar o que estava posto para um nível mais avançado de gestão. Isto é responsabilidade social. Isto é sustentabilidade.

A responsabilidade social deve começar com o público interno. Cuidar primeiro dos nossos funcionários e fornecedores, que são as partes interessadas que mais participam das decisões e atividades da organização. Este investimento tem retorno garantido.

A sensação de pertencer a um time de gente do bem, participativa e feliz por trabalhar em uma empresa que se preocupa com as pessoas é recompensadora.

A saúde e a segurança são parte fundamental das normas de responsabilidade social e, por este motivo, o início dos investimentos. Elas contribuem para que o ambiente de trabalho seja seguro e saudável e para que, neste ambiente, as relações possam acontecer com naturalidade, com diálogo, respeito, não discriminação, apoio, com compromisso, consciência e dedicação.

Feito o “tema de casa”, partimos para os outros players (partes interessadas ou stakeholders) com os quais a empresa se relaciona.

Os clientes já têm ou deveriam ter toda nossa atenção, pois sem eles não há vendas, não há faturamento e não há recursos para operar a empresa e gerar o lucro merecido dos investidores. Tratar bem o cliente e atender bem seus requisitos é obrigação de qualquer empresa.

As comunidades onde as empresas estão inseridas também merecem nossa atenção. Cada vez mais se busca desenvolver as comunidades para que tenham capacidade de oferecer à empresa mão-de-obra local qualificada, desonerando a operação e melhorando o nível de vida da população.

A sociedade como um todo, e os governos municipal, estadual e federal, como parte dela, se beneficiam da operação da empresa com o atendimento à legislação (como, por exemplo: social, econômica e ambiental) e o recolhimento de tributos, além do comércio de produtos e serviços entre as empresas, gerando empregos e fazendo a economia girar.

Requisitos e diretrizes

responsabilidade social possui várias normas de requisitos e diretrizes que são usadas atualmente para melhorar a performance social das empresas. A SA 8.000 era a norma mais reconhecida internacionalmente e a que mais produzia impacto positivo nas relações de trabalho. Não tinha foco específico nas relações com as comunidades, mas sim no público interno e na cadeia de fornecedores. Hoje, na versão de 2014, modernizou-se, cobrando engajamento das partes interessadas, o que é positivo e moderno, tanto que as novas versões das normas de qualidade (ISO 9001:2015) e de meio ambiente (ISO 14001:2015) também reconhecem a importância das partes interessadas na análise do contexto da organização.

Em 2010, quando foi publicada a ISO 26000, e em 2012, quando foi atualizada a NBR 16001, ambas tratando de responsabilidade social na sua forma mais ampla, esta visão de engajar as partes interessadas na estratégia da organização já era vista como a melhor forma de gerir estas relações.

A ISO 26000:2010, guia de Responsabilidade Social mais completo existente atualmente, considera o impacto das decisões e atividades das organizações em relação a todos os seus públicos, respeitando o interesse das partes interessadas e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Com este foco socioambiental e preocupada com o seu desempenho econômico-financeiro, nenhuma empresa pode deixar de incluir a responsabilidade social na sua estratégia. É uma questão de sobrevivência neste mercado restritivo, em compasso de espera por sinais de maior estabilidade política e social.

Melhorias e resultados

Este é exatamente o momento de fortalecer as organizações para saírem na frente das demais quando o mercado reaquecer. Esse movimento pode incluir a adoção de uma destas normas ou de um destes padrões de responsabilidade social para auxiliar na criação de um sistema de gestão de responsabilidade social adequado às suas necessidades.

Qual a melhor norma a adotar vai depender do posicionamento estratégico social que a empresa identificar como o mais adequado às suas estratégias globais.

O tempo de implantação vai depender do momento social da empresa e de quais boas práticas sociais já existem, de quais políticas sociais já estão implementadas, de como é o relacionamento com as partes interessadas e principalmente de como é a relação com funcionários e seus representantes.

À medida em que o sistema vai tomando corpo, as pessoas vão percebendo as melhorias e contribuindo cada vez mais, aumentando o envolvimento e participação e gerando uma onda de positividade. As consequências positivas para a organização serão visíveis e os resultados esperados serão alcançados.

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