José Tocchetto de Oliveira
Consultor da Tocchi Empresarial Consultoria
Consultor em Compras Sustentáveis e Auditor Social
Hoje em dia nenhuma empresa quer ter fornecedores com problemas. Quando a empresa opta por comprar produtos e serviços de outras empresas, espera ter soluções que a ajudem a cumprir seus compromissos com clientes e demais partes interessadas. Ninguém procura problemas. Já chegam os que existem. O que se quer são parceiros de negócio que venham com soluções inovadoras (*), com transparência (*), com ética (*), com compliance, com capacidade de atendimento à demanda necessária, com produtos e serviços de qualidade e preço justo, com pontualidade de entrega e postura proativa na relação comercial.
(*) = Princípios de compras sustentáveis de acordo com a norma ISO 20400:2017;
Se não tiver tudo isto, por que iniciar um relacionamento comercial? Nenhum comprador ou assistente de compras quer se incomodar com fornecedores. Nenhum gerente ou diretor da área vai colocar seu pescoço na guilhotina (perder seu cargo) autorizando comprar de fornecedor que tenha grande risco de não atender as demandas ou prejudicar a imagem do cliente.
Ninguém mais se arrisca pelo histórico de 20 anos de fornecimento, pela amizade entre compradores e vendedores, pelo preço mais baixo do mercado (há controvérsias) ou pelas promessas fáceis de fazer e difíceis de cumprir.
O que vale hoje é o quanto a sua empresa está preparada para ser reconhecida como um fornecedor responsável, que ajude o cliente a ser mais correto, mais produtivo, sem preocupações com impactos ambientais, sem acidentes de trabalho na sua cadeia de suprimentos, mais socialmente responsável, enfim, mais sustentável.
Independentemente do tamanho do cliente e do fornecedor ambos devem ser responsáveis, cada um na sua posição na cadeia de valor.
MAS, COMO SER UM FORNECEDOR RESPONSÁVEL?
O que é preciso ter ou fazer para ser desta forma reconhecido?
É simples, mas não é.
Precisa ter condições de ser “homologado” segundo os critérios definidos pelo cliente no seu SISTEMA DE GESTÃO DE FORNECEDORES.
Homologação é o termo que se utiliza normalmente para definir o processo de cadastramento dos fornecedores, avaliação de sua documentação legal, documentação de seus funcionários (quando forem trabalhar nas instalações dos clientes ou em seu nome), atendimento a questões de compliance, código de conduta, termo de compromisso anti-corrupção, entre outras exigências.
Após homologado, o fornecedor estará apto a receber pedidos de compra ou assinar contratos de fornecimento.
Como existem sistemas de gestão com diferentes critérios, as empresas devem se preparar para atender os mais complexos e assim estarão prontos para qualquer um deles. Se a empresa tem um cliente específico que queira atender, os critérios deste serão o foco do trabalho de preparação.
De qualquer forma, seguem abaixo os assuntos e/ou documentos e/ou ações que as empresas deveriam ter em seus próprios sistemas de gestão integrados (SGI) para atender seus clientes como fornecedores responsáveis:
- Uma política de sustentabilidade clara, completa e real (para valer);
- Outras políticas complementares (compras, gestão de pessoas, segurança da informação, compliance, direitos humanos, gestão de fornecedores etc.);
- Um código de conduta ética (algumas empresas têm também um específico para fornecedores);
- Um processo de controle de atendimento à legislação aplicável ao negócio e suas certificações;
- Postura da alta direção e lideranças de acordo com estas políticas e códigos;
- O máximo de certificações possíveis e aplicáveis, como ISO 9001, 14001, 45001, 26000, 20400, 22000, 27001, SASSMAQ, Responsible Care, SA 8000, entre outras;
- Capacidade de atender a demanda dos clientes (quantidade, qualidade, preço e prazo);
- Histórico de compliance, com “vida pregressa” que dê segurança ao cliente homologador;
- Um processo de gestão de fornecedores que vá além do primeiro nível e que seja criterioso também;
- Reconhecer a importância das pessoas como parceiros de jornada e buscar aumentar sua capacitação e, principalmente, o nível de felicidade destes no trabalho e em manter e melhorar esta parceria;
- Garantir um ambiente de trabalho seguro, saudável e ambientalmente correto para seus trabalhadores.
Para iniciar, é preciso considerar o que já existe na empresa e não partir do zero. As empresas já possuem práticas de gestão que serão aproveitadas, tendo ou não um sistema de gestão integrado (SGI). Com estas orientações e outras que se somam a esta lista de principais, uma empresa será certamente reconhecida como fornecedora responsável e passará a ter benefícios por esta qualificação.
Ser a escolhida para desenvolvimento de novos produtos ou serviços, receber premiações e classificações de OURO, PRATA, BRONZE, menor tempo de tramitação dos processos de compras, menor tempo de liberação para vender produtos ou iniciar serviços, prêmios e bônus nas medições mensais, redução de prazos de recebimento, aumento de escopo de produtos e serviços nos já clientes, conquista de novos e exigentes clientes, visibilidade positiva nas diversas mídias, aumento do faturamento e da lucratividade, reconhecimento do mercado e aumento do seu índice de reputação (se medido).
Iniciar pequeno com bases sólidas e ir melhorando seu SGI durante a jornada é o melhor caminho. Quando houver auditoria de quaisquer clientes, de órgãos de certificação, de futuros parceiros de negócio, a empresa estará pronta.
Os auditores são experientes e ficam sabendo onde “estão pisando” na primeira meia hora da auditoria. Se o SGI for administrado realmente, para valer, como se diz, o auditor vai perceber, relaxar e procurar agregar valor ao SGI com sua experiência durante a auditoria, e a empresa ganhará oportunidades de melhoria percebidas por um técnico capacitado e com visão externa sobre o seu sistema de gestão.
VALE A PENA SER EMPRESA RESPONSÁVEL?
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